''Eu tenho meus motivos pra ser exatamente do jeito que eu sou, acredite.''

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios


Quem é fã de Quentin Tarantino reconhece seu estilo logo nos primeiros minutos do filme e nos primeiros acordes da trilha sonora.
Tarantino parodiou a Segunda Guerra
Mundial e transformou os judeus nos verdadeiros carrascos do processo.
Ouvi rumores sobre a "falsa história" contada no filme, mas quem quer saber história, estuda e lê história. Salas de cinema são salas de cine
ma.
O filme começa por ter esse poder na própria transfiguração da verdade. Vocês estão habituados a filmes sobre Holocausto onde os judeus são meros carneiros nas matanças nazistas. Filmes de sentimentalismo que apenas diminui o sofrimento real e inimaginável, e por isso mesmo infilmável, dos judeus na Segunda Guerra.
"Bastardos Inglórios" começa por subverter o clichê: os judeus, agora, não são apenas vítimas; também são vingadores. matando nazistas com uma violência paródica e catártica. Liderados por um "redneck" (equivalente a caipira no Brasil) da América profunda, eles aterra
m na França ocupada para matar alemães como se matam ratazanas. À paulada.
Paralelamente às pauladas, existe também uma sobrevivente judia e francesa, Shoshanna, que também ajuda (sem saber) os
"Bastardos". Depois de ver a própria família massacrada pelas "ratazanas", ela resolve tratar do assunto montando a sua vingança. Pelas chamas.
Não é fácil aceitar essa inversão de papéis, estamos habituados a ver os judeus como vítimas. Gostamos das vítimas enquanto elas são vítimas. Tarantino explode essa covardia suave.
Mas "Bastardos Inglórios", não se limita a usar o cinema para conceder uma retribuição fantasiosa às vitimas da história. Em "Bastardos Inglórios", é também no cinema, espaço físico de destinos alternativos, que se constrói um desfecho histórico alternativo.
Não sabemos o que teria sucedido à Alemanha se Hitler tivesse sido eliminado em 1939, ou em 1943 ou em 1944: três dat
as, três tentativas sérias. Provavelmente, o Reich teria desabado mais cedo. Mas sabemos que, em "Bastardos Inglórios", Hitler e seus gângsteres são eliminados numa sala de cinema. Como se a sala de cinema fosse também um tribunal último, capaz de repor um simulacro de Justiça num mundo tão radicalmente injusto.
Quentin tem uma particularidade como diretor, a cada cena que precisam refilmar e o questionam o porque ele faz todos responderem em coro" Porque amamos fazer filmes"....
Recomendo o filme tenho certeza que irão gostar.
Deixo o trailer de "Bastardos Inglórios" para aumentar a espectativa (ou acabar com ela..rs)
Beijos a todos! Tânia




Existe humor em Tarantino. Existe violência.Existe extravagância. Mas o amor ao cinema, como arte e pos
sibilidade, é provavelmente maior do que a soma das três partes.
Disse humor, disse violência, disse extravagância exatamente por essa ordem. Reitero. Esse trio explica a minha estima literária por Tarantino, um diretor que, antes de pensar com imagens, pensa com palavras.
Haverá algum diretor vivo que escreva dialógos como Tarantino?
Sim, Woody Allen seria um nome válido. Mas Allen é um mestre do "punch line", essa procura desesperada da piada inesperada. Tarantino é um mestre das preliminares. Ele sabe que a piada está no adiamento da piada. Por isso os diálogos de Tarantino nos parecem tão luminosos, no sentido espiritual do termo: eles são a última
exibição de racionalidade antes da carnificina irracional.
Em "Cães de Aluguel" os bandidos discutem o significado real do tema "Like a Virgin", de Madonna, momentos antes do assalto bancário que corre barbaramente mal. Em "Pulp Fiction", meditamos com Jules (Samuel L. Jackson) e Vincent (John Travolta) sobre o significado sexual de uma massagem nos pés, momentos antes de massacrarem um grupo de pagadores relapsos.
Em "Bastardos Inglórios", esse prazer sádico de esti
car a corda é cultivado da primeira à última sequência. Como se os diálogos fossem meras antecâmaras de uma violência que se promete e anuncia.
E, quando ela chega, nunca a expressão "Comic relief" foi tão apropriada.
João Pereira Coutinho (crítico de cinema)

2 comentários:

  1. Querida Tânia hoje dei uma passadinha por seu blog e achei muito bacana suas novas postagens, com certeza vou acolher suas sugestões...
    Beijos
    Susi

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  2. Olá , gostaria de saber se voce poderia me passar uma lista das mentiras contadas no filme , se possivel o mais rapido possivel.
    tati-lima00@bol.com.br

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