''Eu tenho meus motivos pra ser exatamente do jeito que eu sou, acredite.''

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Adeus 2010 Bem Vindo 2011

     2010 foi um ano de altos e baixos, não cumpri muitas coisas que me propus fazer nesse ano, e voltei atrás em algumas decisões já tomadas. Será melhor relembrar os maus momentos e "tentar aprender com os erros" ou simplesmente esquecê-los? Ou me ater somente aos "momentos felizes"?
     Não agreguei nenhuma amizade esse ano, apenas mantive os mesmos amigos, e alguns confesso nem os encontrei em 2010... quando me cobravam isso sempre coloquei a culpa na excessiva carga de trabalho que estou nestes dois ultimos anos. 
    Cheguei a uma triste contestação, já não confio tanto nas pessoas como antes, algumas deram provas de que realmente não são confiáveis, outras que tentaram se aproximar eu já mantive uma certa distância. 
     Ah... filhos, como sempre (dizem que pela idade) sempre dando preocupações, os meus até que não muitas, mas houve atritos sim, mas que um a um foram superados...
     

Conseguiu fazer 2 viagens, voltei a "Mi Buenos Aires querido", em Abril com algumas amigas (viagem essa já postada no blog), e em Dezembro fiz um mini cruzeiro pela costa atlântica, tirando o enjoô da primeira noite os outros dias foram muito bons. 
    

Assisti a peças ótimas e muitos filmes bons, li bons livros, fiz um curso de História maravilhoso sobre a Dinastia Tudors com o prof. Leandro Karnall e até fui criticada por algumas colegas de escola por ser "culta demais"... rs 
     Foi uma escolha dificil, mas consegui os 10 melhores filmes de 2010. (Em ordem aleatória)
1- Orgulho e Preconceito (Minissérie BBC)
2- Sempre a seu lado
3- Hanami - Cerejeiras em flor
4- Bastardos Inglórios
5- A fita branca
6- Um namorado para minha esposa
7- Surpresas em dobro
8- Cartas para Juliera
9- Casa Vazia
10- Tropa de Elite 2
    E finalmente no Natal cheguei a conclusão que a civilização perdeu o sentido dessa data, as pessoas se preocupam com a ceia, comem demais, bebem exageradamente e aonde fica o  "nascimento de Cristo" nisto tudo? Juro que eu pensava que era essa a comemoração principal... Eu achei estranho quando uma amiga disse que em sua família não se comemorava o Natal, somente o Ano Novo, agora eu entendo sua decisão. Eu mesma já perdi esse "espírito natalino", por anos montava a árvore, presépios, até que decidi que meus filhos "já eram grandes" e isso não era mais necessário, então joguei tudo fora com a desculpa que não haveria espaço para guardar.
     Acho que ano que vem vou passar o Natal em um retiro espiritual ou em um spa, longe dessa festa gastronomica e etílica em que se transformou o Natal...
     Assistindo a uma entrevista com  Cristian Barbosa, autor do livro "Mais tempo, mais dinheiro" o entrevistado disse muitas coisas que nos são óbvias, mas às vezes não queremos ver, sobre que ser próspero não é sinônimo de ser rico, mas sim ter qualidade de vida, saber gerir seu tempo entre trabalho, e coisas que lhe dão prazer em fazer. Que muitas vezes temos medo de mudar, vivemos numa "zona de conforto" e temos medo de dar um basta aquela vida que não queremos, mas que nos é conveniente, que precisamos  descobrir o que é importante para nós, que fazem sentido na nossa vida. 
     Ah... ontem fui fazer uma "visita" dolorosa mas muito importante, fui visitar minha mãe... Engraçado que passo por esse cemitério todos os dias, mas algumas vezes... de repente sinto uma necessidade de parar o carro, entrar e conversar com ela, chorar e dizer o quanto ela me faz falta... 
     Quando esta mensagem for postada estarei viajando, e meio que "abandonando" os filhos antes que eles o façam...rs Estou escrevendo no Dia de Natal, mas como será publicado no dia 31... Um 2011 maravilhoso a todos vocês, e espero de coração que seja bem melhor pra todos nós!
Besos... e Hasta Luego!
     

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Eu acuso



     Há muito tempo escrevo textos ou posto (de outros autores) sobre educação, a que temos que receber de nossos pais (limites) e da escola (pedagógico). 
     Essas tragédias já estavam anunciadas, há muito acontecem, os professores hoje são reféns de seus próprios alunos, já passei por situação semelhante em que um aluno (deixando claro que estava armado) me perguntou se havia passado em minha matéria, já fui uma professora que batia de frente com os alunos, depois percebi que faço parte do lado mais fraco... pensei tenho dois filhos para criar, não vou arriscar minha vida por causa de um "marginal" que já está perdido mesmo. E simplesmente respondi, por mim já está aprovado. E estava mesmo, com a aprovação automática o que fazer? Como diz o texto abaixo, avaliar pra que?       Infelizmente não sei que rumos a educação tomará no futuro. Um amigo meu me disse uma vez, quando precisar do serviços de um advogado, médico, engenheiro, irá procurar um profissional mais velho, pois saberá que esse realmente estudou, e não passou pelas tantas "quotas" de hoje em dia. A educação hoje não é prioridade, nem para o governo, nem para os pais, haja visto o caso já relatado neste blog sobre os ataques na Avenida Paulista. Respondi agora a pouco um post do Senador Cristovam que dizia o seguinte 
Sen_Cristovam Sugiro,@dilmabr ,criar Comissão,como fez EUA,1981,para estudar pq estamos atrasados na educação e o que fazer.

Agora eu pergunto.. o que fazer? Onde iremos parar? 




J’ACUSE !!!
(Eu acuso !)
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)


Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de  convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.


Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e  do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os  “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.


Igor Pantuzza Wildmann

Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

sábado, 11 de dezembro de 2010

A democracia da caveira



     Não é por acaso que Tropa de Elite 2 já bateu o recorde de bilheterias de todos os tempos inclusive do filme brasileiro mais assistido "Dona Flor e seus dois maridos", tem um roteiro corajoso, que deu-nos a impressão esses dias que "a vida imita a arte", com a invasão no Rio de Janeiro pelo BOPE. 
     Fiquei admirada no cinema quando passou a cena em que o Capitão Nascimento espanca um político, o público aplaudiu, e com gritos de "é isso aí", senti que essa é a vontade de todo brasileiro se tivesse chance "dar na cara" desses políticos que quando em seus cargos, esquecem do porque estão lá.  Não seria um aviso para nossos parlamentares de que não estão agradando?....
Beijos a todos. 

LUIZ FELIPE PONDÉ

A democracia da caveira


Ver-se representado no Capitão Nascimento e no Bope não é pecado de gente reacionária


EU TAMBÉM sou contra a pena de morte. Também acho que grande parte da violência urbana é fruto de miséria, fome, educação ruim e saúde pública ruim.
Também concordo que a elite brasileira tem um histórico de maus antecedentes em sua responsabilidade pela sociedade que lidera (aliás, nenhuma sociedade presta sem o "cuidado" de sua elite).
Também acho que não adianta (somente) a polícia ou as forças armadas invadirem o morro para matar e prender bandido e que o Estado devia estar lá para cumprir sua função civilizadora. Também acho que é mais fácil prender e matar bandido pobre do que rico.
E, sim, o oficialato do Estado muitas vezes é tão bandido quanto os traficantes. Acho que qualquer pessoa em sã consciência não pode negar tudo isso.
Mas a história não para aí. Numa cena do maravilhoso "Tropa de Elite 2", o herói coronel Nascimento (corajoso, reto e solitário) entra num restaurante para encontrar alguns dos responsáveis pela (in)segurança pública do Estado do Rio.
Acuado, temendo um quase linchamento público, nosso herói se assusta quando, ao entrar no restaurante, é ovacionado. Sua voz em "off" diz algo como "... mas o povo gosta é de bandido morto".
Sim, considero o Capitão Nascimento -promovido a coronel no segundo filme- o primeiro herói produzido pelo cinema brasileiro, para além das tentativas infantis e entediantes de nos fazerem engolir, goela abaixo, bandidos, guerrilheiros de esquerda, drogados, prostitutas e cangaceiros como heróis.
Vale lembrar que o intelectual dos direitos humanos no filme (o Fraga) revela-se um "Capitão Nascimento" em sua função de crítico da sociedade, o que é raro.
Normalmente, os intelectuais das universidades ficam entre si, destruindo carreiras dos colegas, fazendo política institucional comezinha, buscando cargos burocráticos na nomenclatura da universidade ou em partidos políticos afins, dizendo mentiras deslavadas a serviço da ideologia do partido (intelectuais orgânicos) ou de seu corporativismo. Não nos enganemos: Fraga é um Capitão Nascimento, por isso os dois "se encontram" no final. Quem leu o filme como "o Capitão Nascimento pede pra sair" o fez por ignorância ou simples má-fé.
Sim, acho que grande parte de nossa "inteligência profissional" tende a desmerecer este grande detalhe: o "povo", categoria social tão amada por quem quer fazer dela uma "santidade política", gosta de ver bandidos presos e mortos.
Neste momento, a "inteligência profissional" abandona o "povo" em seu "gosto alienado".
Aqui erra a "inteligência profissional", porque querer bandido preso é democracia pura: os pobres são os que mais sofrem com esses bandidos, a invasão do morro é um ato de democracia, o Bope representa, aqui, os direitos humanos da gente comum. Só intelectual gosta de bandido. Pouco importa se a "motivação" da invasão do morro não tenha sido tão "pura" (só contra o crime), nada no mundo é puro. Você é?
Lembre que no primeiro parágrafo digo tudo que "gente bacana" diz (e concordando de fato com a "gente bacana" nesse assunto, coisa rara na minha vida).
Mas quem vive seu dia a dia trabalhando, pagando impostos (sempre avassaladores e abusivos), levando filhos à escola, indo ao cinema, viajando de fim de semana, fazendo compra em shoppings, indo a feiras e supermercados, enfim, vivendo sua vida normal, tem o direito de querer que bandidos sejam presos e, se resistirem, sejam mortos.
Ver-se representado no Capitão Nascimento e no Bope não é pecado de gente reacionária. É condição de quem é vitima, seja de um Estado irresponsável, seja de bandidos e assassinos.
O esperado de uma sociedade decente não é apenas fazer o discurso dos direitos humanos dos bandidos, mas também realizar os direitos humanos de quem vive nos limites da lei.
Passou o trauma da ditadura. A história "andou". A população quer ver sua honestidade banal e cotidiana contemplada no direito de andar de ônibus e de carro. Basta de papo furado, devemos ter escola, saúde, justiça e faca na caveira. Nada disso é belo, mas um mundo "belo" é para gente infantil.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O filósofo Charles Harper ( da série "Two and a Half Men".)





LUIZ FELIPE PONDÉ
O filósofo Charles Harper

A sociedade do sucesso tortura meninas para serem magras e meninos para darem dez sem tirar



ADORO TELEVISÃO! Curto muito o dr. House e sua visão trágica de mundo (aliviada estes dias porque ele está pegando a chefe, a dra. Cuddy, e sempre que pegamos alguém a tragédia da vida se dilui na doçura do sucesso sexual, não?).
Hierarquias de poder são grandes afrodisíacos, seja quando envolve mulheres acima (chefes), seja com mulheres abaixo (secretárias). O cinema explora isso há muito tempo com sucesso de bilheteria.
Calma, cara leitora. Não engasgue. Brinco. Aliás, brinco muitas vezes, mas nunca sabemos até onde vai a brincadeira no mundo, não é? Dúvidas são como neblina numa estrada. Escondem curvas e acidentes mortais ou nada além da própria monótona neblina.
Mas tenho um outro herói na TV: Charles Harper, da série "Two and a Half Men". Tenho um amigo que a deu de presente para seu jovem sobrinho. Acertou em cheio: essa série deveria fazer parte da formação de todo menino hoje em dia, porque vivemos em épocas sombrias. A propósito, deveríamos dar de presente neste Natal a coleção inteira de Monteiro Lobato só para deixar os fascistas da censura das raças bravos. Se vivessem na Alemanha nazista, esses fascistas fariam fogueiras com livros do Monteiro Lobato.
Na agonia de diminuir as baixarias do mundo, estamos mesmo é gerando meninos inseguros e confusos e ainda tem gente por aí que nega isso. Sei que escolas "ensinam" em sala de aula que as "mulheres são oprimidas" já na sétima série! Ouvindo isso, fico feliz que já tenho 51 anos e que pude crescer num mundo onde as mulheres não eram "esse bicho de sete cabeças" que viraram. Pena. Agora sofrem com carinhas medrosos e chorões... e fóbicos que não aguentam compromissos. Ainda bem que a velha seleção natural do Darwin impede que a maioria delas acredite nas baboseiras que falam por aí sobre meninas oprimidas na sétima série. Homens e mulheres se amam para além do "ódio de gênero".
Voltando ao filósofo Charlie. O duo dele e seu irmão Alan é ceticismo puro para com as modas do comportamento "correto". Um estudo do comportamento masculino que deixa muita ciência "das masculinidades" (que nome horroroso!) no chinelo. As "militâncias" transformaram muitas mulheres em zumbis emancipados e agora se preparam para fazer o mesmo com os coitados dos caras.
Alan é o típico homem inseguro, mentiroso, "loser", que se esconde no blá-blá-blá atual da "sensibilidade masculina". Mas sua muito para pegar alguém. Falido, "massagista" que queria ser médico, expulso de casa pela sua ex-mulher, Alan vai morar com seu irmão Charlie e leva seu filho, Jake (uma prova de que corremos risco de extinção por estupidez). Charlie é seu oposto: bem-sucedido financeiramente, ganha muita grana fazendo jingle publicitário (o suficiente para deixar as "freiras feias" da esquerda nervosas) e pega todas.
Claro que estamos no mundo dos tipos superficiais de comédias. A vida dos homens não é nem Alan nem Charlie. A sociedade do sucesso (material, sexual, afetivo) de hoje é um fracasso: tortura meninas para serem magras e meninos para darem dez sem tirar. A verdade é que a série brinca com os sucessos vazios dos dois irmãos e expõe a dura realidade: o sucesso na vida afetiva não existe.
Uma pérola para você: num dado momento, Alan reclama que seu irmão Charlie está ensinando bobagens para seu filho. Os dois conversavam sobre mulheres. Alan diz "uma relação é construída com sinceridade e respeito pelo outro" (mentira, ele é um dissimulado, como todo mundo que diz "respeitar o outro"), ao que seu irmão Charlie responde: "Nada disso, uma relação se constrói com diamante e Viagra". Voilà.
Moral da história: para além do blá-blá-blá da "sensibilidade masculina" e da idealização dos afetos (comum em épocas como a nossa, dominada pela sensibilidade infantil da classe média), a maioria das mulheres quer mesmo é homens com "poder" e seguros, que saibam dizer "não" para elas e "sustentar" um mundo onde elas se sintam amadas. A questão é: tem algum cara que queira pagar a conta? Amor é luxo.
Espero que você ganhe um diamante nesta semana.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Papai Noel


LUIZ FELIPE PONDÉ
Papai Noel

São Paulo é uma cidade maravilhosa porque ela acolhe quem trabalha sem colocar a culpa nos outros



      EM 1965, eu tinha seis anos. Morava em Jequié, cidade no interior da Bahia. Meu pai era diretor do hospital da cidade. Fui para a escolinha do clube de tênis local, uma espécie de clube Pinheiros do sertão.
      Perto do Natal, a sala foi invadida por um Papai Noel. Foi uma farra para as crianças, menos para mim.
Cresci num ambiente secular. Ateísmo era tão comum como dizer "passe a manteiga". Desde cedo, meus pais me ensinaram que Papai Noel não existia. Mas não me disseram que eu deveria calar a boca em situações como a que vivi naquele Natal de 1965.
      Reconheci uma das professoras vestida com aquele traje ridículo. Imagine o calor de dezembro no Nordeste brasileiro, este mesmo que hoje tantos querem idolatrar e outros demonizar.
      De pronto, levantei a mão e pedi para fazer uma pergunta. O Papai Noel me disse: "Pode falar, Felipe". Eu desabei a dizer que sabia que "ele" era a professora X e que era feio ficar enganando as crianças com essas coisas bobas porque Papai Noel não existia.
      Pronto! Uma gritaria geral. Uma menina, do meu lado, se pôs a chorar. Achei bonitinho ela chorando. No dia seguinte, tentei falar com ela no parque, mas ela ainda estava brava comigo. Resultado, eu fiquei com um trauma: basta qualquer mulher chorar perto de mim que me sinto culpado. Que praga!
      A professora, correndo, me tirou da sala. Minha mãe foi chamada à escola. As professoras me disseram que eu havia me comportado mal. Mas, afinal, qual era meu erro, se a verdade é que Papai Noel não existia? Depois de tantos anos, ainda me irrito com quem acredita em "Papai Noel" ou com quem tenta fazer os outros aceitarem suas crenças infantis.
      Questão profundamente filosófica, não? Quem sabe foi por isso que decidi ser filósofo. E, para meu espanto, às vezes sinto que continuo naquela sala de aula dizendo o óbvio e levando bronca porque os "coleguinhas" insistem em acreditar em "Papai Noel" ou "tirar" da sala quem afirma que ele não existe.
      Acabei vindo para São Paulo. Nunca senti preconceito (começo a detestar essa palavra, porque hoje ela é usada normalmente para calar a boca de quem diz o que não é politicamente correto, essa praga contemporânea).
Em apenas dois episódios, que me lembre, ouvi comentários que claramente faziam referência à minha "nordestinidade" como traço de ignorância. E as duas pessoas, pasme você, leitor, eram pessoas "de esquerda" e "inteligentes".
      Nada de novo. As pessoas "de esquerda" foram responsáveis pela maior parte da chacina política no século 20. As patologias do pensamento hegeliano-marxista e sua vocação para o "Estado total" mataram mais gente do que o nazismo.
      E ainda querem me convencer de que posso confiar nas suas boas intenções? Contra os delírios de Hegel, leia Isaiah Berlin e seu brilhante "Limites da Utopia" (Companhia das Letras; R$ 48, 224 págs.). O Inferno está cheio de reformadores políticos. O Estado deve ser ocupado por pessoas que não querem reformar o mundo. Fora, Papai Noel!
      Pessoas que se dizem defensoras de "uma sociedade melhor" ou da "liberdade igual para todos" são autoritárias e são as que primeiro aderem à violência contra a liberdade de fato e contra aqueles que pensam diferente delas.
Quer uma dica? Quem usar muito expressões como "repúdio", "isso é desprezível", "interesse coletivo" "estou indignado", "preconceito", não merece confiança.
      Adoro São Paulo. Entre tantas razões, porque é uma cidade aberta para a única forma de liberdade de fato conhecida: a liberdade de você ter méritos e ter esses méritos reconhecidos pelos outros, independentemente de raça, família, credo, classe social ou sexo.
      São Paulo é maravilhosa porque acolhe quem trabalha sem por a culpa nos outros. Liberdade não é sinônimo de felicidade, liberdade é conflito, agonia, solidão.
      Até onde conhecemos a história, só há liberdade onde há capitalismo, mesmo com suas miseráveis contradições. Todo mundo que quis "inventar outra liberdade" queria mesmo era meter a mão no patrimônio alheio e matar o dono.
      Entre a felicidade e a liberdade, escolho a segunda. Escolho São Paulo.

domingo, 21 de novembro de 2010

O corpo fala

O jeito que um casal dorme não basta para mandá-lo ao divã ( ou ao advogado). Mas que o corpo fala, fala. " A leitura corporal não é fechada e não tem significado universal", diz o historiador Marcos Tadeu Cardoso* - que mesmo assim topou a brincadeira de analisar as posições abaixo, ao lado da psicologa Marina Vasconcelos.










 






    Abraço de lua de mel  
Posição típica dos primeiros meses de relacionamento, é bem plástica, mas não exatamente confortável e quase impossível de ser mantida durante toda a noite. Coisa de quem acabou de fazer amor. Segundo Cardoso significa "quero ficar enroscadinho em você", "quero você".

 Carangueijo
Se os dois passam a noite como se estivessem fugindo um do outro(há quem durma com os pés na cabeça do parceiro) vale prestar atenção: a relação pode estar degastada. Mas, claro, o alerta deve levar em conta não só a relação entre os lençóis, mas durante o dia todo. 


Chanel
Os quadris se tocam, mas cada um vai para um lado, lembrando os dois "C" do logotipo da Chanel. É um estilo meio zen, que predomina depois de certo tempo de relação, quando o casal tende a resgatar alguma privacidade no sono. Os bumbuns ligados dizem "estamos próximos, mas cada um em seu espaço" 



Colherzinha
Também chamada de "conchinha" e "feijãozinho", é a expressão óbvia de que os dois se encaixam. É o mesmo que dizer "completamos um ao outro", interpreta Marcos Tadeu Cardoso. "Gostar de dormir assim, mesmo que só no início da noite, significa aconchego", lembra a psicóloga Marina Vasconcellos.




Abismo
Embora essa posição, por si só, não seja sinônimo de crise conjugal, se o casal dorme todas as noites de costas um para o outro, pode ser um sinal de distanciamento entre os dois, de falta de vontade de estar junto, analisa a psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em psicodrama e terapeuta familiar
Telhadinho
Essa posição demonstra união, mas o distanciamento na região abdominal é um sinal inconsciente de falta de interesse sexual naquele momento. Outra "bandeira" é que cada um toca a ponta do lençol, como se quisessem cobrir as partes íntima.


Berço
Típico comportamento de união estável. A mão da mulher sobre o peito do homem, ele abraça ela, as cabeças ficam juntinhas. Isso demonstra aproximação e união, e ela se sente protegida literalmente debaixo da asa dele
A perseguição
Nessa posição, a mulher demonstra que tem ou busca ter a posse do homem. Como o corpo do homem está em direção oposta, com uma leve inclinação que acentua um afastamento da mulher, reforça a ideia de que ele está buscando seu território pessoa.



Ligados e livres
O corpo da mulher inclinado para o lado oposto do homem, acompanhado de uma leve inclinação da cabeça, parece demonstrar que a mulher deseja ficar em seu canto, pelo menos naquele momento. A inclinação do homem demonstra atenção, mas como ele mantém certa distância, pode significar que deseja liberdade
Abraço de perna
A mão da mulher, por baixo do homem, sinaliza que ela quer conquistar mais espaço. As pernas abertas também são sinal disso. Já a posição dele demonstra que está no seu espaço e não abre mão dele. A posição mostra certa ambivalência, como se os dois se tocassem por "acidente" (sem querer evidenciar o carinho)

COMO DORMIR SÓ
Passar a noite com o corpo torto é passaporte para acordar com pesadelos. Isso sem falar nos prejuízos a longo prazo. Os vícios ao dormir podem ser o estopim para dores de cabeça e até artroses. Veja o jeito mais adequado para descansar:

De bruços nunca
"Os especialistas são unânimes: essa é, de longe, a pior posição para dormir. Além de dificultar a entrada de ar e a oxigenação do organismo, ela gera tensão na nuca e na coluna. Além disso, a cabeça fica virada horas a fio em um ângulo de 90º. "Isso pode até evoluir para uma artrose precoce", alerta o ortopedista Lafayette Lage, de São Paulo. Essa postura estica demais o pescoço e comprime uma artéria que passa sob a clavícula, o que pode dar dores de cabeça e formigamentos, pela falta de irrigação. No limite, pode levar a problemas nos nervos.

De barriga para cima
"Não é a ideal, pois favorece o ronco e a apneia, as famosas paradas de respiração ao longo da noite. "Essa postura dificulta a abertura das vias respiratórias", diz Gil Lúcio Almeida, presidente do Crefito-SP (Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Estado de São Paulo). Se você gosta dessa posição, os especialistas recomendam usar algum rolinho ou travesseiro sob a nuca e na altura da lombar, para acompanhar as curvas fisiológicas da coluna (principalmente se o colchão for muito duro).

De lado
"Essa é a postura mais recomendada, mas com uma ressalva: as mãos devem estar abaixo dos ombros. Nessa posição, a cabeça e a coluna ficam alinhadas. Vale colocar um travesseiro fino entre os joelhos, para relaxar a musculatura. Se você dormir sobre as mãos, elas podem formigar pela falta de irrigação.
*Autor de "A linguagem corporal em relacionamentos e paqueras".

Texto e fotos retirados do suplemento "Equilibrio" da Folha de SP.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Que tipo de educação estamos dando aos nossos filhos?


     
      Esta imagem foi retirada de um jogo de video game chamado Bullying, uma vez numa conversa com meus alunos perguntei como se sentiam quando perdiam um jogo, estarrecida ouvi os relatos " jogo o controle na tv", chuto o cachorro/gato", "já quebrei o vaso de minha mãe". E vão me dizer que esses jogos não incitam à violência. Esse jogo citado "Bullying", os jogadores espancam os colegas da escola que são diferentes deles, professores e todos os que "fazem ganhar pontos"... como os pais consentem que seus filhos joguem isso?
     O grupo de jovens que agrediu alguns outros jovens na Avenida Paulista estudam em colégios particulares, contaram com a proteção de pelo menos um advogado, que em tese é um direito de todos, mas na prática é um indicador de um privilégio social.
     Talvez a maior punição para esses jovens tenham sido a repercussão pública do caso com os constrangimentos para os jovens e seus familiares.
     Quase todos já fizemos porcarias quando jovens. É a fase da explosão hormonal, dos exageros, da insensatez, mas nem por isso podemos tolerar ou sermos coniventes com esse tipo de delinquencia juvenil.
     A classe média terceirizou o afeto, a educação e fica a encargo de motoristas, babás, empregadas a função de educar,  e muitas vezes dar carinho e atenção.    A violência é produto do meio social, o crime é produto do desejo de se ter o que não se tem condições, o que não era o caso desses jovens.
     Talvez eu seja retrograda no jeito de educar meus filhos, mas nunca os deixei (sendo menores de idade) pelas ruas durante a madrugada. Sei onde estão e com quem estão. Se necessário vou levar e buscar. 
     Minha filha completa 18 anos amanhã, meu filho já tem 19, mesmo assim conhecem os "meus" limites e sabem o quanto é perigoso ultrapassá-lo... não quero dizer com isso que imponho castigos físicos a eles... não é necessário, pois desde pequeno foram educados para respeitar o próximo, nem digo que nunca tive problemas com eles, mas sempre foram problemas caseiros (de não arrumarem a cama, o quarto, coisas de TODOS os adolescentes...).
     Tentei me colocar no lugar desses pais, de ambos os lados, dos filhos agressores e agredidos, a primeira situação é mais fácil, tentar desculpar os erros dizendo que foi uma simples briga de rua, mas a segunda, vendo meu filho machucado por um bando de "jovens" sem limites... ah... meu sangue ferveu....
     Nas aulas de Sociologia tento explicar a palavra "marginal", sendo aquela pessoa que vive à margem da sociedade, que não respeita às leis e regras impostas para que possamos viver bem... o caso desses jovens seria infração à lei ou somente ausência de educação e limites?



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A 25 mil pés

LUIZ FELIPE PONDÉ


Movido pelo "essencial" é que decidi falar de coisa séria na coluna de hoje: vou falar de mulher


      ESTOU A 25 mil pés de altitude, voando num desses turbo-hélices. Adoro o som da hélice. Lá embaixo, paisagens distantes. Gosto de voar.
      Comecei a voar com um ano de idade, quando meu pai, então um jovem capitão médico da aeronáutica, me levava para voar em aviões da FAB. Entretanto, detesto aeroportos e classes sociais recém-chegadas a aeroportos, com sua alegria de praças de alimentação. Viajar, hoje em dia, é quase sempre como ser obrigado a frequentar um churrasco na laje.
      Sentimo-nos insignificantes aqui em cima. Exemplo máximo da desmedida humana, voar nos faz pensar em coisas profundas como: "Qual o sentido da vida?"; "Existirá vida após a morte?" Movido por esse apelo que vem do "essencial" é que decidi falar de coisa séria hoje: vou falar de mulher.
      Risadas? Nem tanto, caríssimo leitor. Se você for uma vítima, como eu, dessa maldição que é nascer heterossexual (um tanto fora de moda hoje em dia, quase reacionário), saberá que tudo o que fazemos, quase todo o tempo, o fazemos para agradar as mulheres. Parece que fomos "selecionados" assim.
      Em cerca de 50% do meu tempo, penso em como fazer a minha linda esposa feliz. Bela e brava, ela é uma mulher muito exigente. O restante do tempo, passo pensando em como ganhar dinheiro para deixá-la feliz. Sempre fracasso, claro, ela é mulher. Risadas? Nem tanto. Exagero? Talvez um pouco.
      Não fique brava, cara leitora. Fique firme no regime. Nada de queijo amarelo e doce no café da manhã. Lembre-se: se engordar, vai se sentir a última das mulheres. Pior ainda se sua colega de trabalho ou cunhada for mais magra que você. Mas não sofra demais. Vou lhe contar um segredo: como dizem sábios árabes, muitos homens gostam mesmo é de mulheres que "encham a cama".
      Recentemente, revi o episódio nove ("Não Desejarás a Mulher do Próximo") da série para a TV polonesa "Decálogo", de 1988, do grande Krzysztof Kieslowski (1941-1996).
A história é a de um médico jovem e casado que, de repente, fica impotente pra sempre. Logo, nós, heterossexuais clássicos, pensamos: "Ufa, ainda bem que vivemos na era do Viagra" -que, aliás, em nível de grandeza, está para a invenção do avião e do computador, infinitamente superior à do antibiótico.
      Mas, dizem os especialistas, alguns casos estão além de qualquer possibilidade de cura. Planejo um dia, após meus 90 anos, experimentar esse milagre. Agora, seria covardia com a concorrência. Afinal, sou pernambucano e nós, netos de Lampião, só sofremos desses males dos mortais depois dos 90 anos, quando sofremos.
      Nós, humanos, somos seres que habitam dois mundos. Um, "espiritual" ou "simbólico", onde somos livres pra "evoluir" para mundos sem guerras, cheios de amor e pessoas que se respeitam todo o tempo. Enfim, livres pra pensar em nós mesmos de forma ideal. Outro, material, submetido à lei da gravidade e à miséria do tempo, onde sofremos a escravidão da realidade.
      Tanto marido quanto esposa nesse episódio se viram como podem, cada um em sua miséria. Ele, temendo descobrir que, sem ereção, deixa de ser homem; ela, temendo que, afinal, deixe de amá-lo uma vez que ele não tenha mais ereção. Uma humilhação para o coração, derrotado pelo que falta "no meio das pernas", como diz a personagem feminina no episódio.
      Nesse sentido, a questão posta por Kieslowski é cirúrgica. Para aqueles que se acham "belos", pergunto: quanto tempo uma "boa" esposa suportaria um marido "sem uso"? Quanto tempo sua "bela alma" suportaria o desespero de seu corpo, sedento pela penetração física, para além do blá-blá-blá brega de "ela tem direito de ser feliz"?
      Às vezes, suspeito que um dos maiores segredos da civilização repousa sobre a capacidade ou não de um homem penetrar uma mulher. E o medo do homem de fracassar nessa missão é causa de enormes violências contra a mulher.
      O grande mestre Freud dizia: se quiser pensar a sério, não fique na sala de visitas, vá ao quarto do casal. Ouça os sussurros e os lamentos. Pergunte coisas obscenas. Grande parte de minha crítica às feministas passa por aí: política, nesse assunto, é sala de visitas. Pousei.

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições

Não votei na Dilma e também não simpatizo com ela...  como meus amigos bem o sabem... mas sou brasileira antes de tudo, e torço para que os 55% da população tenham feito uma boa escolha através do processo democrático e que ela faça um bom governo. Que a primeira mulher eleita no Brasil (40o. da História) esteja à altura de seu cargo  que ocupará nos próximos 4 anos. A primeira mulher a governar essa nação foi Princesa Isabel quando substitui seu pai D. Pedro II por algum tempo, fato que ficou marcado na história do país com a assinatura da Lei Aurea. E que a História seja novamente  escrita.....

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pra que usar de tanta (falsa) educação?....

"Pra que mentir, fingir que perdoou. Tentar ficar amigos sem rancor.
 Pra que usar de tanta educação. Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel. Devagarzinho, flor em flor.
Entre os meus inimigos, beija-flor"

Quando a emoção acaba, não há que se destruir ou depreciar o que ontem era tão essencial que merecia o enfeite de toda uma noite. A poesia libertária de Cazuza clamava por uma atenção aos sentimentos de respeito ao outro. De nada adianta a educação se as intenções não forem as melhores. É como conhecer com profundidade as regras de etiqueta e humilhar o garçom. Que etiqueta é essa? O que é melhor, saber com qual garfo comer ou conhecer os sentimentos alheios e respeitá-los? Naturalmente o bom só é bonito quando é bom.







Codinome Beija-flor
Cazuza
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor (nunca)
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor













sábado, 23 de outubro de 2010

Por que você ama quem voce ama?

 Recebi este texto lindo via email... ela desnuda nossa idiossincrasia sem falsa modéstia...
Com vocês... Martha Medeiros....


Por que você ama quem você ama? 




Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.


O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo.


Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.


Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.


Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não tem a maior vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte para mim.


Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar (ou quase). Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?


Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!


Mas ninguém consegue ser do jeito do amor da sua vida!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Vai encarar?

Sou contra o aborto, temos inúmeras maneiras de se evitar uma gravidez indesejada, desde atitudes simples como o uso de preservativos (masculinos e femininos), distribuídos gratuitamente nos postos de saúde até métodos mais recentes como a pilula do dia seguinte. Nem as adolescentes hoje podem cometer esse erro, pois são bombardeadas com informações à respeito tanto nas escolas como na internet. Se a concepção ocorrer não devemos culpar a criança (pois desde a concepção o feto já possui uma alma segundo o espiritismo). Lembro de uma colega de trabalho que diante de uma gravidez indesejada resolveu partir por esse caminho, recordo como ela ficou mal depois disso, do arrependimento de seu ato, apesar de meus protestos. Os filhos são uma dádiva. Um dia pensando sobre esse assunto, me veio à mente que eu poderia ter sido uma dessas crianças que tem suas vidas ceifadas logo na gestação, ainda bem que minha "progenitora", prosseguiu até o final, mesmo desistindo de mim após o nascimento. Gostaria de agradecê-la por isso, por me dar a vida...
Um beijo a todos!







LUIZ FELIPE PONDÉ

Sou contra o aborto. Sou da elite intelectual, PhD e      pós-doc, falo línguas e escrevo livros. Vai encarar?



SOU CONTRA o aborto. Não preciso de religião para viver, não acredito em Papai Noel, sou da elite intelectual, sou PhD, pós-doc., falo línguas estrangeiras, escrevo livros "cabeça" e não tenho medo de cara feia.
Prefiro pensar que a vida pertence a Deus. Já vejo a baba escorrer pelo canto da boca do "habitué" de jantares inteligentes, mas detenha seu "apetite" porque não sou uma presa fácil.
Lembre-se: não sou um beato bobo e o niilismo é meu irmão gêmeo. Temo que você seja mais beato do que eu. Mas não se deve discutir teologia em jantares inteligentes, seria como jogar pérolas aos porcos.
Esse mesmo "habitué" que grita a favor do aborto chora por foquinhas fofinhas, estranha inversão...
Não preciso de argumentos teológicos para ser contra o aborto. Sou contra o aborto porque acho que o feto é uma criança. A prova de que meu argumento é sólido é que os que são a favor do aborto trabalham duro para desumanizar o feto humano e fazer com que não o vejamos como bebês. E não quero uma definição "científica" do início da vida porque, assim que a tivermos, compraremos cremes antirrugas "babyskin" com cartão Visa.
Agora o tema é o "retorno" do aborto. O aborto entrou na moda neste segundo turno. É claro que esse retorno é retórico. Desde Platão, sabe-se que a democracia é um regime para sofistas e retóricos.
A relação entre democracia e marketing já era sabida como essencial desde a Grécia Antiga. Por que o espanto quando os candidatos, sabendo que grande parte da população brasileira é contra o aborto (talvez por razões religiosas vagas, talvez por "afeto moral" vago), se lançam numa batalha pelo espólio do "direito à vida"?
O marketing é uma invenção contemporânea, mas a necessidade dele é intrínseca a qualquer técnica que passe pelo convencimento de uma maioria, desde a mais tenra assembleia de neandertais.
A democracia é, na sua face sombria, um regime da mentira de massa. Quando essa mentira de massa é contra nós, reclamamos.
Não há nada de evidentemente justo em termos morais ou de moralmente "avançado" na legalização do aborto. O que há de evidente em termos morais é a desumanização do feto como processo retórico (exemplo: "Feto não é gente") e a defesa de uma forma avançada de "safe sex": "Quero transar com a "reserva de comportamento legal" a meu favor. Se algo der errado, lavo".
E não me venham com "questão de saúde pública". Esgoto é questão de saúde pública. A defesa do aborto nessas bases é apenas porque o aborto legal é mais barato. Resumindo: "Safe sex, cheap babies". E não me digam que o feto "é da mulher". O feto "é dele mesmo". E não me digam que "todo o mundo avançado já legalizou o aborto", porque esse argumento só serve para quem "ama a moda" e teme a solidão.
Não pretendo desqualificar a angústia de quem vive esse drama. Longe de mim! Mas em vez de gastarmos tanta "energia social" na defesa do aborto, por que não usarmos essa energia para recebermos essas crianças indesejadas?
Vem-me à mente dois exemplos, aparentemente de campos "opostos". Deveríamos aprender com a Igreja Católica e seu esforço de criar redes de recepção dessas crianças, aparando as mães em agonia e seus futuros filhos à beira da morte.
Por outro lado, são tantos os casais gays masculinos (os femininos sofrem menos porque dispõem de "útero próprio") que querem adotar crianças e continuamos a julgá-los, equivocadamente, penso eu, incapazes do exercício do amor familiar.
Sou contra a legalização do aborto porque o considero um homicídio. Muita gente não entende essa implicação lógica quando supõe que seriam razoáveis argumentos como: "A legalização do aborto permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".
Agora, substitua a palavra "aborto" pela palavra "homicídio", como fica o argumento? Fica assim: "A legalização do homicídio permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz".
Quem é a favor do aborto não o é por razões "técnicas", mas por "gosto" ideológico.