''Eu tenho meus motivos pra ser exatamente do jeito que eu sou, acredite.''

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Gran Torino




Gran Torino Gênero: Drama
O funcionário aposentado da indústria automotiva Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um (xenófobo) veterano da Guerra da Coréia. Ele preenche seus dias fazendo consertos em casa, tomando cerveja e com visitas mensais ao barbeiro. Inflexível e com determinação inabalável, vive num mundo em transformação e se vê forçado pelos vizinhos imigrantes - que acabam de se mudar, vindos do Laos - a confrontar seus próprios preconceitos.



Walt Kowalski, é a própria encarnação da velha América, nostálgica de seu papel de heroína do mundo, que teve seu auge na 2a Guerra Mundial e começou a decair pouco depois, na Guerra da Coreia. Uma guerra que tem, aliás, tudo a ver com a amargura deste personagem.

Os pesadelos de Walt são povoados pelos rostos dos soldados coreanos que matou naquela guerra. Aposentado, viúvo e irascível, ele vê sua vizinhança em Detroit ser ocupada, paulatinamente, por outros rostos orientais, como os dos Hmongs.

Povo espalhado entre China, Tailândia e Laos, os Hmongs apoiaram os norte-americanos em outra guerra, a do Vietnã. Pagaram caro por isso. Com a vitória dos Vietcongs comunistas, nos anos 1970, os sobreviventes tiveram de refugiar-se nos EUA.

A densa história de "Gran Torino" registra também um comentário econômico. Walt sente falta de um tempo em que a América era a economia mais dinâmica do mundo e Detroit, sede da indústria automobilística, uma de suas principais bases.

Ele mesmo foi funcionário da Ford e guarda na garagem uma pérola daqueles dias - um Gran Torino 1972 impecável, cuja pintura ele lustra cuidadosamente todos os dias. Ao lado da cachorra Daisy, o carro é seu mais sólido afeto, já que com os filhos e netos ele não consegue encontrar qualquer denominador comum. E vice-versa.

Este ferrenho conservador capaz de abrir mão das boas maneiras e até da higiene, da ética, nunca.

Kowalski não se esforça para ser simpático. Faz cara feia o tempo todo, grunhe em vez de falar e dispara uma impressionante coleção de xingamentos politicamente incorretos toda vez que cruza com seus vizinhos orientais e também com os negros. Isso não impede que ele se aproxime aos poucos da família que mora ao seu lado, a partir dos adolescentes da casa, Thao e Sue.

O relacionamento entre eles começa errado, quando Thao, pressionado por um primo gângster, tenta roubar o Gran Torino da garagem. Como punição, sua mãe e avó, seguindo os preceitos de sua cultura, obrigam-no a prestar serviços para Walt - que a princípio rejeita, mas não consegue recusar.

O filme progride na direção de um confronto urbano bem violento e realista, em que pessoas de bem são cercadas pelo crime organizado. Se a ética é o último reduto dos fortes, Clint Eastwood mostra-se ainda capaz de representar o heroi para todas as épocas e todas as situações.

Um comentário:

  1. Você sabe como chamar a atenção para o filme. Já pesquisei e vi que está ainda em cartaz no HSBC, irei assistir e depois volto para comentar minhas "impressões"...

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