''Eu tenho meus motivos pra ser exatamente do jeito que eu sou, acredite.''

sábado, 26 de dezembro de 2009

A partida


     Um dos 10 melhores filmes deste ano(na minha modesta opinião).Ganhador do Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" A partida é uma película linda e sensível, rica em simbologia e o respeito às tradições. Um exemplo disso é  a sequência em que o protagonista Daigo Kobayashi, estando às margens de um rio, nos arredores de Yamagata, sua terra natal, observa a persistência dos salmões em nadar contra a corrente até chegar ao encontro com a morte.
     A direção do filme é primorosa, como na cena em que usa a imagem de Daigo tocando o seu violoncelo dos tempos de criança sobreposta à dos campos que circundam a sua região, para simbolizar a tormentosa dúvida em que vive o personagem sobre o possível paradeiro do pai, cuja lembrança, ao decorrer do tempo, sob vários aspectos, por mais que negue, passou a atormentá-lo.
     Para envolver mais o espectador na evolução do tema, difícil,de caráter lúgubre, o diretor soube dosar a narrativa com algumas situações cômicas.
     O filme se inicia em Tóquio, onde Daigo integra uma orquestra sinfônica em dificuldade, que acaba por ser dissolvida. Sem ter como pagar as dívidas, o músico vende o violoncelo e, tendo a concordância da mulher Mika, decide retornar à sua cidade para morar na própria casa, vazia desde que sua mãe morrera, há algum tempo, sem que ele pudesse estar presente aos funerais. E lá consegue um inusitado emprego: torna-se um “nokanshi”, uma espécie de coveiro especial, mestre em lavar e vestir cadáveres. Essa função advém de uma antiga tradição japonesa, de deixar o morto limpo, belo e bem tratado para seu último momento, função antes exercida pelas famílias dos mortos, mas já meio esquecida e agora por conta de profissionais. Com esse emprego, Daigo consegue o dinheiro que estava precisando, mas esconde seu emprego da mulher e amigos, pois tal função é vista como algo vergonhoso e, no início, até ele assim a vê, como algo desprezível, o toque com o dejeto mortal.
     Daigo moldou a sua personalidade pela do pai, Toshiki Kobayashi , que o incentivou, desde criança, a tocar violoncelo e a dar atenção às tradições japonesas, como a da compreensão de mensagens das pedras-cartas. Seus sonhos, porém, foram sempre alimentados pelo lado da música. Quando Kobayashi abandonou a família, a mãe de Daigo teve de montar um pequeno negócio para custear as despesas domésticas e educá-lo.

     É interessante observar como essa mudança na vida do protagonista engloba vários aspectos. É uma volta para a cidade natal, mas, além disso, uma volta para o passado, para o contato com pessoas de outrora e com traumas de outrora – o relacionamento mal resolvido com o pai ressurge de forma decisiva. Essa volta também é uma representação quanto à nova função de Daigo: em um Japão cada vez mais “moderno” e ocidentalizado, ele passa a lidar com uma antiga tradição tipicamente nipônica. Também, paradoxalmente, é uma época de novidade para Daigo, de lidar com a frustração no trabalho, de se adaptar, de refletir sobre sua vida e seu passado, mas também sobre a vida e a morte.







Um comentário:

  1. Um filme realmente lindo,uma otima visão da tradição japonesa realmente lindo.

    E uma prova de que cada cultura é diferente mais tem seus principios e belezas,e que devem ser respeitadas

    [linguagem de msn \o/]ADOREI!!(L)quero ver de novo xD quem quer ver comigo *O*?Realmente um filme que vale a penar ver diversas vezes ^^
    By:Ananda (8)

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