Elvis é meu ídolo maior desde a infância, aprendi a ama-lo com meu irmão Wilson, que usava o cabelo com o mesmo corte e as costeletas, dizia que quando Elvis viesse ao Brasil iríamos vê-lo, pena que Elvis morreu antes disso, e meu irmão antes que viesse o show e a exposição. Posto aqui essa homenagem póstuma a esse grande homem, que mobilizou o mundo mesmo sem conhecê-lo.
Um Ícone do Nosso Tempo
A letra de “Long Black Limousine”, do álbum From
Elvin in Memphis, fala de uma pessoa que sai de sua cidadezinha, vai para a cidade grande e jura retornar em um
carrão exótico. A limusine do título se torna um carro funerário. Alguns podem
ver a canção como uma irônica leitura autobiográfica ou então uma das muitas
contradições de Elvis Presley e de seu próprio mito.
Elvis foi um
dos maiores norte-americanos de todos os tempos, e orgulhosos disso. Saiu de
suas modestas fronteiras do sul dos Estados Unidos pra conseguir um apelo
universal – ele é uma das poucas pessoas na história recente que são conhecidas
apenas pelo primeiro nome. Aproximar-se da arte de Elvis é como mirar um
espelho. Você pode olhar para ele e escolhe seu Elvis favorito: o jovem rebelde
revolucionário dos anos 50; o gentil galã de cinema da década de 60; ou o mega
astro cujos trajes se assemelhavam a uniformes de um super herói do outro
mundo, que entrou a década de 70 novamente no topo do mundo para morrer sete
anos depois.
A presença de
Elvis ainda é inspiradora – é o exemplo definitivo da auto-invenção e da
auto-realização. Você pode nascer na miséria, conquistar o mundo e tornar-se
uma entidade maior do que a vida. Teses de sociologia furadas já foram
escritas, mas a complexidade do homem ainda desafia palavras. Quando o assunto
é Elvis Presley, o mais básico é ainda o que conta: as canções e voz. Apesar de
ser ainda formalmente conhecido como “Rei do Rock” – esta palavra de quatro
letras tão usada e abusada nestes tempos -, o domínio de Elvis sobre o idioma
musical de seu país era imenso. Ele é uma porteira para descobrir o blues, o
country, o gospel, o rockabilly e o soul. Por mais previsíveis que meia dúzias
dos hits possam soar, a música de Elvis é um oceano ainda pouco explorado. A
voz, flexível ao extremo, tinha tudo: poder, alcance, emoção, sutileza acima de
tudo, credibilidade. Em 1971, ao aceitar um prêmio que o considerava um dos dez
mais destacados jovens de seu país, o astro citou “Without a Song”, de Irving
Berlin: “Se, a canção, o homem não tem amigos, sem uma canção o dia não
termina. Então, eu vou continuar cantando a minha canção”. E de nossa parte,
continuaremos a escutar as canções dele.
By Paulo
Cavalcante
Editor da
Revista Rolling Stone
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