''Eu tenho meus motivos pra ser exatamente do jeito que eu sou, acredite.''

domingo, 29 de novembro de 2009

A noiva Síria



A Noiva Síria
The Syrian Bride, de Eran Riklis, França/Alemanha/Israel,2004 - Cabine

<!--[if !vml]--><!--[endif]-->Muitos são os filmes que têm retratado as disputas entre Israel e Palestina, mas A Noiva Síria se diferencia não apenas pela mudança geográfica do conflito (desta vez localizado na fronteira entre Israel e Síria e envolvendo uma comunidade drusa[1]) como também pela atenção e carinho despendidos na construção de suas personagens.

Neste novo filme do israelense Eran Riklis, baseado no roteiro da palestina Suha Arraf, antes dos grandes conflitos geopolíticos, existem os pequenos dramas pessoais. As personagens de Riklis não são meros fantoches para ilustrar a tensão no Oriente Médio, mas possuem vidas e dilemas próprios. Emulando a batalha de seus próprios países, as personagens de A Noiva Síria – em especial as mulheres, foco principal do filme – lutam também elas para lidarem com as barreiras que lhes foram impostas. Assim, Mona, a noiva do título, luta para superar a burocracia kafkiana que a impede de concretizar seu casamento, sua irmã Amal (interpretada por Hiam Abbass, conhecida do público brasileiro por suas atuações em Munique, Free Zone e Paradise Now e Lemon Tree) esforça-se para vencer o preconceito de seu marido e da sociedade para poder prosseguir com seus estudos enquanto sua filha enfrenta o pai em nome de uma paixão adolescente.

Obviamente a situação sócio-política da região não serve apenas como pano de fundo para o enredo, mas entrelaça-se, invade e interfere na vida dessas personagens. Isso se nota desde a primeira seqüência do filme, onde Mona, já com seu vestido de noiva, caminha pelas ruas do bairro repletas de bandeiras negras, luto pela morte do presidente sírio, e se prolongará ao longo do filme, nas diversas dificuldades criadas em torno de seu casamento em função de sua situação peculiar: apesar de serem ambos drusos, a noiva vive nas colinas de Golã, território ocupado por Israel desde 1967, enquanto o noivo mora na Síria, fazendo com que o casamento deva ser realizado em território neutro, na fronteira entre os dois países e sob a supervisão da Cruz Vermelha.

Por vezes, a multiplicidade de histórias paralelas e a complexidade da situação vivida pelas personagens torna o filme um pouco confuso e faz com que algumas histórias não sejam satisfatoriamente desenvolvidas (como no caso do relacionamento entre uma francesa voluntária da Cruz Vermelha e o irmão galanteador da noiva), mas a simpatia que o filme reserva a todas as suas personagens, recusando-se a estigmatizar vilões ou vítimas, acaba por compensar essas deficiências.

Ao final, Riklis aposta na perseverança e coragem individual como uma possível saída para os impasses gerados pelas políticas equivocadas no Oriente Médio. Sem pretensões de ser um retrato definitivo dos impasses da região, A Noiva Síria consegue misturar conflitos pessoais, políticos e culturais sem tornar-se didático ou enfadonho e, ao mesmo tempo, sem deixar de dar o devido peso e importância a uma questão tão complexa.

[1] Os drusos são uma comunidade sem pátria (vivem principalmente no Líbano, Israel, Síria e Jordânia), não são considerados muçulmanos nem cristãos (embora sua religião seja influenciada por ambas) e, devido às perseguições religiosas que já sofreram, costumam dissimular sua própria origem (assumindo a religião dos locais onde vivem e mantendo suas próprias convicções em segredo).

By Leonardo Mecchie

http://www.youtube.com/watch?v=AJSKrySkX74

A cultura de países do Oriente Médio parece ser um mistério, às vezes. Como um povo inteiro pode não ter nacionalidade? Como uma mulher é capaz de se casar com alguém que nunca tocou e, além de tudo, aceitar nunca mais ver sua família por conta da união? Como um simples carimbo pode atrapalhar a vida de tantas pessoas? São essas as questões que permeiam A Noiva Síria .
Esse filme me foi indicado por um amigo na ocasião em que postei sobre Lemon Tree, somente hoje tive oportunidade de assistir. A direção e muitos dos atores são os mesmos de Lemon, assim como o tema, a discórdia no Oriente Médio.

Usando um casamento arranjado como ilustração dos absurdos criados pelas tensões étnicas da região, "A Noiva Síria" consegue divertir o espectador, ao mesmo tempo em que o comove.

A Noiva Síria discute, também, o papel das mulheres dentro dessa sociedade. Renegadas a segundo plano, casam-se com quem a família escolher, não têm direito a estudo, muito menos voz político-social. De uma forma leve, um tanto quanto triste – afinal, ver uma noiva que nunca sorri não é nada feliz -, a produção apresenta a situação tanto dos moradores de Majdal Shams quanto das mulheres no Oriente Médio, em geral, de uma forma que passa longe do panfletário, dando leveza à comédia dramática.

Ao mesmo tempo em que ela está triste por não poder mais ver sua família, Mona deseja mudar de vida completamente e é isso que o casamento significa para ela. Na fronteira, juntam-se a família, a polícia – atrás do pai de Mona, que não poderia estar ali por causa da liberdade condicional -, o funcionário do governo responsável pelo casamento (que em nada difere de funcionários públicos brasileiros, o que é engraçado de observar), os policiais que vigiam a fronteira, funcionárias da ONU (Organização das Nações Unidas) e a família do noivo.

Boa parte da história acontece literalmente na fronteira entre Síria e Israel: a região das Colinas de Golan, onde os drusos vivem sob domínio israelense há anos.

Ali, Mona se prepara para o casamento arranjado com seu primo Tallel , um ator de sitcom da televisão síria que ela não conhece pessoalmente.

Infelizmente, há um probleminha: a partir do momento em que atravessar a fronteira para unir-se a seu marido, ela não será autorizada a retornar a seu povoado natal e não poderá mais ver sua família.

Um grande elenco de personagens se mistura à situação, incluindo o irmão mais velho de Mona, Hattem, que incorreu na ira de seu pai, anos atrás, ao abandonar a família para casar-se com uma médica russa; e seu irmão mais jovem, Marwan, um empresário não inteiramente honesto que hoje vive na Itália.

Também aparecem sua irmã mais velha, Amal, de tendências feministas e mãe de duas filhas, (Moderna demais para a tradicional aldeia, ela luta para ingressar na faculdade agora que suas filhas estão crescidas. Para ela, nunca mais ver a irmã mais jovem é doloroso demais); o marido desta, Amin, que rejeita as tendências liberais da esposa, e, finalmente, o patriarca da família, Hammed, um ativista árabe.

Uma funcionária da Cruz Vermelha, Jeanne, faz o possível para tentar ajudar a facilitar todos os trâmites complicados, sem muito sucesso.

Equilibrando-se com habilidade entre drama familiar, farsa bem-humorada e comentário político, o filme nunca perde o rumo, apesar da complexidade do palco em que a ação acontece, e consegue infundir à história tanto humor quanto drama genuíno. Mona segue para seu casamento em meio a uma manifestação política entre os brados de “Sacrificar o próprio sangue em nome nacional! Com honra e com sangue lutamos por Golan, União e patriotismo Golan é da Síria”. Com seu pai sendo um dos líderes da passeada e com a ameaça de ser preso por estar em liberdade condicional por motivos políticos.

Com seu grande número de personagens retratados com profundidade e simpatia (e representados à perfeição pelo elenco), "A Noiva Síria" realiza uma proeza rara: fundir o pessoal e o político de maneira perfeitamente afinada.

Espero que gostem da indicação.

Beijos a todos! Tânia.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Bom comportamento


O governo Lula pode parafrasear o Chico Buarque e cantar a oposição Você não gosta de mim mas "The Economist" gosta. Há no reconhecimento da revista um desagravo retroativo ao PT recém-eleito, que assustava com a promessa implícita de mudar tudo na economia, correr com o neoliberalismo, desprivatizar o que tinha sido privatizado e confiscar a prataria. Os 800 mil empresários que, segundo uma previsão da época, fugiriam desse caos hoje devem estar se congratulando por terem esperado um pouquinho. O monstro não era um monstro, afinal. O monstro tinha a cara do Palocci e era social democrata como todo o mundo. O Brasil não só não afundou como, segundo a imprensa internacional, foi quem melhor soube boiar, na crise.
Mas aprovação da Economist é, um pouco, como abraço do Ahmadinejad.
Pode ser conveniente e bom para a reputação ou constrangedor e estigmatizante, dependendo dos circuitos em que se anda. Você tanto pode achar formidável um governo do PT ser elogiado como um exemplo de conservadorismo responsável quanto achar estranho um governo do PT( logo do PT) ser chamado por uma das principais publicações do capitalismo mundial de exemplo de conservadorismo responsável. Em certos círculos do PT, a pergunta que está sendo feita deve ser: o que nós fizemos de errado para merecer tamanha honra? É como receber um 10 por bom comportamento quando a reputação que se quer é a de bagunceiro. Imagino que tenha gente pensando em processar The Economist pela reportagem difamante.
Na capa da Economist com o título Brazil takes off (o Brasil decola), o Cristo Redentor aparece subindo como um foguete para alturas ainda incalculáveis, um símbolo da nova realidade no País. No filme 2012, o Cristo aparece desmoronando, no fim do mundo. De acordo com o filme e com as profecias, o Brasil só terá dois anos para aproveitar sua boa fortuna. Ao menos um alento para a Oposição.

*** Post-scriptum. Nunca se soube muito bem quem era o pai que não gostava do Chico, mas a filha gostava. O próprio Chico negou que fosse o presidente Geisel, cuja filha era fã do cantor. Segundo outra história, ao ser preso durante a ditadura, o Chico teve que distribuir autográfos para as filhas dos agentes que o acompanhavam - ainda no elevador.
Luiz Fernando Veríssimo (Estadão 26/11/09)


Jorge Maravilha Chico Buarque
E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Ela gosta do tango, do dengo, do mengo, domingo e de cócega
Ela pega e me pisca, belisca, petisca, me arrisca e me enrosca
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

E nada como um dia após o outro dia
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão do que dois pais sobrevoando

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mulher madura

Uma pequena
homena-
gem
a mim,
e a todas
as mulheres
com mais
de 40, 50, 60...
A mulher madura, não pega ela TOCA.
... não come, ela se ALIMENTA.
... não provoca, ela já é PROVOCANTE.
... não é inteligente, ela é SÁBIA.

... não se insinua,
ela é mostra o caminho SUTILMENTE.
... não se precipita, ela espera o MOMENTO CERTO,
... não nada, ela NAVEGA.
... não voa, ela FLUTUA.
... não pensa em quantidade, ela prefere QUALIDADE.
... não vê, ela OBSERVA.
... não deita, ela ADORMECE.
... não é pretenciosa, ela simplesmente SE GOSTA.

... não julga, ela ANALISA.
... não compara, ela ASSIMILA.
... não consola, ela ACALENTA.

... não acorda, ela DESPERTA.
... não coloca algemas, ela os deixa LIVRES.
... não enfeitiça, ela ENCANTA.

...não é decidida, ela apenas SABE O QUE QUER.

... não é exigente, ela é SELETIVA.
... não se sente velha, ela se considera EXPERIENTE.
... não se lamenta, ela tenta fazer DIFERENTE.
... não tem medo, ela tem RECEIOS.
... não faz juras, ela deixa por CONTA DO TEMPO.

... não tira conclusões, ela faz SUPOSIÇÕES.
... "não desce do salto", ela tem "JOGO DE CINTURA".

... não brilha, ela é ILUMINADA.
... não dá tchau, ela ACENA.
... não gosta de ser vigiada, ela prefere ser ESCOLTADA.
... não é moderna, ela é ELEGANTE.
... não quer ser cobiçada, ela prefere ser DESEJADA.
... não possui sonhos, ela tem PERCEPÇÃO.
... não faz sexo, ela é MESTRE NA ARTE DE AMAR.
... não fica, se ENVOLVE.

... não é fácil, ela é FLEXÍVEL.
... não manda, ela ADMINISTRA.

... não aflora, ela é um CONSTANTE FLORESCER.

Enfim, a mulher madura é um conjunto de todas as belezas possíveis.

Mulher
sensível, mas ao mesmo tempo uma verdadeira guerreira, é forte, mas feminina, porém, muitos não possuem sensibilidade para perceber tal beleza, mas aqueles que descobrem... preferem morrer nos braços dessa tal mulher, que não é DOCE, mas que simplesmente é puro MEL.

Esse lindíssimo texto é atribuido a Vanessa Pena.






segunda-feira, 16 de novembro de 2009

As razões do sexo




Entre as pernas de uma mulher suspensas no ar, apenas boas emoções nos esperam


Luiz Felipe Pondé
(Folha de SP 16/11¹09)

A CARA leitora já sabe que não sou um apreciador do feminismo. Acho-o excessivo, mas não desnecessário. Sim, existem dimensões da sociedade que pedem um combate contra maus hábitos. É um absurdo, por exemplo, mulheres ganharem menor salário pela mesma função, serem obrigadas a viver com canalhas ou terem os estudos e a vida profissional negados.
Mas, nos últimos anos, o feminismo tem prestado um grande desserviço às mulheres, estimulando nelas ressentimento e solidão, e levando-as a enganos, como, por exemplo, afirmando coisas irreais como a não importância da maternidade para a maioria esmagadora das mulheres.
No campo dos afetos e das relações, a ideologização maníaca de tudo por parte das feministas só atrapalha a já difícil vida a dois. Essa mania se traduz na ideia de que, em toda parte, tudo seja poder e opressão. A vida sexual tem razões que a própria razão desconhece.
Deve mesmo ser um saco ter que aturar chatos que se acham no direito de invadir sua privacidade com convites idiotas. Mas, afinal, como saber quando você é ou não um idiota? Não é tão óbvio assim, porque, quando estamos interessados numa mulher, sempre ficamos um tanto idiotas. Pela sua beleza, por seu charme, seu mistério e, acima de tudo, suas pernas.
Uma prova dos excessos do feminismo são movimentos políticos que beiram a afirmação de que uma mulher plenamente emancipada tem que ser homossexual. Tudo bem, "cada um é cada um", mas essa pregação é uma coisa de ressentida mesmo.
Uma das coisas que me fascina nas mulheres é o fato de que não as entendo. Nessa "maldição" da diferença partilhada reside o exercício contínuo da transcendência que marca a condição heterossexual.
Amigas minhas de bem com a vida e sem ressentimentos não perdem um minuto de suas vidas com esse rancor feminista. Falo daquele tipo de mulher que sabe que um homem que gosta de mulheres vive constantemente sob o poder do desejo feminino. O melhor argumento a favor da emancipação feminina, do ponto de vista masculino, é ter mulheres como colegas de trabalho. Tudo fica melhor, mais leve, mais encantador.
Recentemente ouvi dizer que, numa feira de livros em algum Estado do Brasil, fizeram marcadores de livros, totens e camisetas com a imagem de uma mulher com as pernas para o ar, com meia-calça (espero que com sandálias de salto alto), e um texto que dizia algo assim: "Aqui tem sempre uma emoção esperando você".
Para um apreciador do sexo feminino, a imagem é perfeita. Entre as pernas de uma mulher suspensas no ar, apenas boas emoções nos esperam. Por exemplo, ser recebido por moças bonitas em feiras melhora o dia e nos faz pensar, por breves minutos, que a vida sim faz sentido. A voz, a silhueta, o cheiro, cada gesto do corpo parecem indicar a evidência de que os criacionistas têm razão: o acaso cego não saberia fazer tamanha maravilha viva. Num bar, depois de algumas cervejas, essa é uma prova cabal da existência de Deus. E mais: um erro comum é supor que os homens só se interessam pelo corpo das mulheres. Não, o corpo deve vir acompanhado de acessórios indispensáveis: a alma, as ideias, a conversa, a roupa.
Também sei que muitas dessas minhas amigas de bem com a vida riem da ira contra coisas assim. Elas pensam que uma ação de marketing como essa pode até ser interessante na medida em que facilita a conversa, dando a "deixa" necessária para uma noite divertida, após um dia "boring" (entediante) nesse tipo de evento.
Erra quem supõe que a erotização deva ser banida da vida profissional. Em determinados locais de trabalho, um certo grau de erotização contribui para a produtividade, dando uma "cor" ao cotidiano, que sempre tende ao preto e branco.
Sim, minha cara leitora, quando homens falam de mulheres a sério, o fazem sempre pensando em vocês como objeto. O mesmo acontece quando são mulheres conversando entre si: somos nós o objeto. Ainda bem. E por que seria diferente?
Mas devo confessar que reconheço o risco de falta de educação quando, em eventos de trabalho, imagens de mulheres são utilizadas de modo ostensivo. Lembro-me de uma vez, em outro Estado, quando, numa palestra, o conferencista terminou com a imagem virtual de uma mulher nua, inclinada sobre uma pia, fazendo movimentos insinuantes. Achei isso o fim da picada. Do meu lado, estava uma colega de trabalho. Pedi desculpa a ela por tamanha estupidez.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Pagador de Promessas


Filme premiadissímo em Cannes em 1962 (Único filme brasileiro a ganhar esse prêmio). Uma obra-prima da literatura brasileira com o brilhantismo de Leonardo Villar e Glória Menezes comom protagonistas. Outro filme que vale a pena ver.A peça de Dias Gomes tem nítidos propósitos de evidenciar certas questões sócio-culturais da vida brasileira, em detrimento do aprofundamento psicológico de seus personagens. Assim, ganha força no drama a visão crítica quanto:

a) à intolerância da Igreja católica, personificada no autoritarismo do Padre Olavo, e na insensibilidade do Monsenhor convocado a resolver o problema;

b) à incapacidade das autoridades que representam o Estado - no episódio, a polícia - de lidar com questões multiculturais, transformando um caso de diferença cultural em um caso policial;

c) à voracidade inescrupulosa da imprensa, simbolizada no Repórter, um perfeito mau-caráter, completamente desinteressado no drama do protagonista, mas muito interessado na repercussão que a história pode ter;

d) ao grande fosso que separa, ainda, o Brasil urbano do Brasil rural: Zé do Burro não consegue compreender por que lhe tentam impedir de cumprir sua promessa; os padres, a polícia, a imprensa não conseguem compreender quem é Zé do Burro, sua origem ingênua, com outros códigos culturais, outras posturas. Além disso, a peça mostra as variadas facetas populares: o gigolô esperto, a vendedora de quitutes, o poeta improvisador, os capoeiristas. O final simbólico aponta em duas direções. Em primeiro lugar a morte do Zé do Burro mostra-se com fim inevitável para o choque cultural violento que se opera na peça: ninguém, entre as autoridades da cidade grande, é capaz de assimilar o sincretismo religioso tão característico de grandes camadas sociais no Brasil, especialmente no interior nordestino. Em segundo lugar, a entrada dos capoeiristas na igreja, carregando a cruz com o corpo, sinaliza para rechaçar a inutilidade daquela morte: os populares compreenderam o gesto de Zé do Burro.
Espero que gostem da dica. Beijos a todos.
Tânia


Interessante retrato da miscegenação religiosa brasileira, "O Pagador de Promessas" tem em sua maior preocupação destacar a sincera ingenuidade e devoção do povo, em oposição a burocratização imposta pelo próprio sistema católico em sua organização interior. "Zé do burro", um homem simples do campo trata de cumprir sua promessa (ou tentar) após ter tido Nicolau, seu burro, curado devido a promessa feita a Santa Bárbara. O que deveria ser um simples ato de fé toma proporções gigantescas quando Zé é barrado pelo vigário local, que o impede de entrar na igreja carregando a cruz que havia prometido.
Os interesses locais então se voltam para o pequeno caso, e cada segmento social da cidade quer tomar partido da situação da forma que puder. Os jornalistas se interessam pelo caso levantando a bandeira de partirem em defesa da "liberdade de expressão" que o vigário estaria colocando em jogo, ou pelo menos pretendem parecer estar fazendo isso, mas na verdade, como é colocado na primeira cena que se dá dentro da redação do jornal eles precisam de notícias que façam dinheiro, e não de notícias de qualidade. O texto de Dias Gomes é, nesse ponto, direto e até

um tanto quanto maniqueísta, as intenções são desmascaradas demais, não há sutileza nas palavras dos oportunistas, o que da a tudo uma leve obviedade. Nem os clérigos, que exigem de Zé uma "retificação" de sua promessa vem com meias palavras em seus discursos sobre como o evento pode alterar e afetar a estrutura interna (ao fazer uma concessão e deixar Zé cumprir sua promessa) e a visão política externa que se tem da igreja: eles sabem que se trata de um acontecimento com repercussão social e é apenas isso que lhes interessa, não a genuina devoção de Zé e seu ato. Políticos se aproximam dele pedindo apoio, mães de santo defendem-no como representante do candomblé, até mesmo o contador de histórias oferece seus talentos como proseador para imortalizar a história, do seu ponto de vista. Ele passa a ser visto como santo e mártir, e ao mesmo tempo é um infiel para igreja e um criminoso arruaceiro para polícia. Cada instituição passa a legitimar sua presença, ou condena-la, da forma que lhe cabe, Zé passa a ser um exemplo dos excluídos sociais e tem a ele agregado o ideal de injustiça e liberdade desejado pelo povo, é associado a "revolução" social, a "reforma agrária" e classificado como "comunista" sem ao menos ter idéia do que são estes conceitos tão alienígenas ao seu universo. Temos que os grupos sociais passam a projetar nele suas perspectivas e crenças, ele deixa de ser um indivíduo para tornar-se um ícone, maleável de acordo com os interesses de quem se aproxima e defende suas teses usando Zé como exemplo. Ele deixa de ser um homem com um propósito pessoal na situação em que se colocou, pois passa a ser colocado pelo meio em que está. Martirizado, ele torna-se o novo Cristo local, e através de sua morte é imortalizado como ícone, sem conseguir simplesmente pagar a sua promessa.
Mas é isso que interessa a Dias Gomes e Anselmo Duarte: a devoção sincera e ingênua de um povo que desconhece as raízes históricas e sociais de seus cultos, e transforma tudo em um amálgama eficaz de crenças que se inter-relacionam em harmonia, a despeito de suas origens históricas, sociais, geográficas e culturais divergentes. O povo tudo adapta, e o povo brasileiro cria sua cultura a partir desses elementos heterogêneos. Não importa se no candomblé Santa Bárbara chama-se Iansã, se a promessa foi feita em um terreiro e está sendo entregue em uma igreja, se Zé carrega nas costas uma cruz no interior da Bahia enquanto Cristo o fez a 2000 anos atrás em Jerusalém. A sinceridade com que o povo cria o seu meio, a suas crenças e como isso se reflete de forma concreta em seus atos é o que interessa a Gomes. A pureza desses atos e da mentalidade simples desse povo entram em conflito direto com a complicada hierarquização e politicagem da igreja católica organizada, que não faz sentido e tampouco interessa a esse povo.
O filme conta com uma produção técnica excelente, apoiada pela fotografia de Chick Fowle (alguns ângulos de câmera como a igreja de cabeça para baixo ao final e a visão de Zé sentado a escadaria sendo filmado através das grades, preso a situação em que está, mostram alguns toques especiais), edição concisa de Carlos Coimbra e excelente e segura direção de Anselmo Duarte, um estreante, faz excepcional trabalho com os atores (destacam-se Leonardo Vilar, passando toda a humildade e sinceridade de Zé e Glória Menezes como sua companheira aflita, assim como Norma Bengell que passa grande credibilidade retratando uma personagem instável e difícil) e consegue um gradual desenvolvimento da narrativa até o clímax final, que se fecha de forma densa e sublime.

Joaquim Guirotti é cineasta, formado em Cinema pela FAAP.

sábado, 14 de novembro de 2009

Sessão de sábado

Sete homens e um destino

Nada melhor numa tarde de sábado que um bom filme, gosto de filmes antigos e tentando ordenar meus dvds encontrei essa pérola que ainda não havia assistido. No início não estava pois estava atenta na história pois me concentrava nos filmes que precisava arrumar, mas o filme ao pouco foi me prendendo a atenção que voltei ao início, me recostei em algumas almofadas (no chão mesmo) e fiquei me deliciando com esse western. Deixo essa dica a vocês... bom filme!


The magnificent seven
Direção de John Sturges
1960 : EUA : 126 min
Com Yul Brinner (Cris Adams),
Eli Wallach (Calvera),
Steve McQueen (Vin),
Charles Bronson (O'Reilly) e
James Coburn (Britt).
Música de Elmer Bernstein

No oeste lendário, o homem defendia seu espaço com sua coragem e uma arma. A lei e a ordem ainda não existiam nesse mundo arcaico onde não se pensava em justiça, mas apenas em sobrevivência. Todavia, mesmo com toda a brutalidade do oeste, alguns homens buscavam uma razão maior para suas vidas. Nesse filme, sete homens lutam por redenção.
Em uma região poeirenta do México, um pequeno povoado é frequentemente saqueado pelo bando errante do temido Calvera, que toma o cuidado de deixar os colonos à míngua, mas sem matá-los, porque quer que eles continuem plantando e colhendo para o bando. Após um novo saque, os colonos resolvem dar um basta na situação e, para isso, contratam o serviço de sete mercenários, homens de pouco escrúpulo e ótima pontaria. O pagamento prometido aos sete mercenários é mínimo, mas cada um dos sete aceita a empreita por motivos próprios. Cris é um altruísta capaz de praticar boas ações, Vin enxerga no serviço uma fuga do marasmo e alguma ação, Wallace se ilude de que há muito dinheiro envolvido na jogada, O'Reilly está sem um tostão e disposto a encarar qualquer trabalho, Britt não se importa com dinheiro e só quer encontrar novos desafios para sua perícia, Lee está em crise consigo mesmo e quer testar sua própria coragem e Harry é muito jovem e quer se auto afirmar como homem durão.



Os sete pistoleiros treinam os colonos para o confronto, mas o resultado não é animador. Há diferenças visíveis entre os dois grupos. Os pistoleiros não simpatizam com os colonos e vice-versa, só que o convívio entre eles, conflituoso em muitos aspectos, acaba transformando a todos. Depois da preparação, vem a batalha. Colonos e os sete pistoleiros enfrentarão o bando do astuto Calvera e, então, as coisas acontecem. Em um certo momento, os pistoleiros terão que decidir se continuam a ser mercenários totalmente indiferentes à brutalidade do mundo em que vivem, ou se colocarão suas vidas em risco por um propósito maior.


Sete homens e um destino é um daqueles filmes que agradam cariocas e baianos. Os amantes da ação vão encontrá-la de sobra. Os que querem filme com tutano encontrarão personagens densos, diálogos ágeis, enredo envolvente e a música marcante de Elmer Bernstein. Se você é um colono, vai vibrar com a transformação de homens pacatos em guerreiros. Agora se você é um pistoleiro, verá que é possível se redimir de seu passado sombrio colocando a sua coragem a serviço de uma boa causa.


De presente deixo a trilha sonora...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Diário de Bordo 4 (Buenos Aires)


Ontem a noite fiquei perambulando pelas Calles Florida y Córdoba, comprei as últimas lembrancinhas que faltavam, e encontrei um cinema onde anunciava o último filme do Álmodovar que queria assistir, Los Abrazos Rotos, gosto muito do Almodovar, mas acho que ontem não estava no clima para ele, vou lhe dar mais uma chance e assitir de novo no Brasil, com legedas claro, não sei se foi porque entendi 75% do que falavam, ( e porque quero saber porque riam tanto em uma cena que eu não vi graça alguma....rs) ou se por causa do cinema. Eu estranhei o preço do ingresso 8 pesos, havia passado defronte a um cine que eram 20 pesos, mas nenhum filme me agradou. Bom por 8 pesos, um cinema horrível. aquelas cadeiras antigas que tinhamos no Brasil uns 10 anos atrás, a que sentei ficava balançando, não tinha espaço pra esticar as pernas, só sei que em meia hora de filme queria sair correndo, mas me mantive até o final (que demorou... parece que teve 4 horas de duração), saí e vim direto para o hotel, vi que aqui você pode andar pelas ruas vazias tarde da noite e não acontece nada, sempre procurei andar pelas ruas mais centrais com movimento, mas mesmo quando andava em uma rua vazia era tranquilo, (claro com medo, coisa de paulista).
Agora estou aguardando a van para retornar ao aeroporto, meu avião parte as 13 horas mas eles virão me buscar as 9... vai ver que é pra conhecer melhor o Aeroporto Ezeiza, terei 4 longas horas.
Algumas fotos que achei interessante mas não postei nos dias anteriores.
Eu na estação de trem, restaurante Madeleine onde almoçamos após o passeio pelo rio de la Plata, essas casas coloridas em El Caminito algumas são feitas de metal, Dario nos contou que os patrões davam a chapa e eles contruíam, deve ser um forno!, e a Luciane, que conheci no show de tango, ela e o marido super simpáticos, ela viu a acrobacia que eu tentava fazer pra tirar uma foto sozinha então se ofereceu e ficamos conversando a noite toda. Trocamos emails e telefones, espero não perdermos o contato. Ah! e mora pertinho no Tremembé!
Brasil... logo estarei de volta ao meu lugar.

domingo, 8 de novembro de 2009

Diário de Bordo 3 (Buenos Aires)

Hoje foi super cansativo, o ônibus me pegou 9:30 e tivemos que pegar outros passageiros em vários hotéis da cidade, conseguimos chegar para pegar o trem da Av. Maipu as 10:30, todos subimos, mas estava tão lotado, parecia o tem da CPTM da zona leste... ai a guia pediu para que todos descessem, foi a maior confusão, conseguimos pegar os das 11 horas bem mais vazio, descemos algumas estações depois no Bairro de San Izidro onde ficamos 1 hora passeando e fazendo compras (tem uma feira de artesanato que nada me atraiu...) tomei um helado (sorvete) no Fredo, e partimos de onibus novamente ate o Municipio de Tigre onde tomamos uma embarcação que nos levaria de volta a Buenos Aires no bairro de Porto Madera, a viagem durou 1 hora e 45 minutos.... já não aguentava mais ver aquela agua marrom, (ela e limpa, mas a terra revolvida pelos movimentos dos barcos a deixam com essa coloração), chegamos enfim a Puerto Madera onde almoçamos. A guia disse que deveríamos voltar sem ela, o passeio acabava ali, mas que era perto, após o almoço resolvi voltar andando para conhecer os arredores... nossa.... como andei... me perdi... cruzei com uma passeata de bicicletas e o mais interesssante, todos os carros tendo que voltar de marcha a ré... não 5... muitos...... rsss parecia um filme quando voltamos a cena em camera lenta...rs
Enfim cheguei ao meu hotel as 16:30 cansada de tanto andar....
A noite volto a Avenida Córdoba onde tem muito movimento para apreciar a minha última noite em Buenos Aires....
Hasta Pronto!

sábado, 7 de novembro de 2009

Diário de Bordo 2 Buenos Aires


Hoje foi "tudo de bom", Darío meu guia, é um ótimo historiador, hoje aprendi muito sobre a história Argentina.

O metrô aqui chama-se Subte, é separado por letras A,B,C,D,E e por cores.
Buenos Aires tem muitos casarões
antigos que antes eram enormes mansões de pessoas ricas e influentes de todas as partes do mundo. Durante a Grande Depressão de 29, quase todos tiveram que vender seus imóveis. A própria embaixada brasileira era uma dessas mansões.

Os jovens encontraram um jeito bem criativo de ganhar dinheiro, passear com cachorros... rs Isso daria certo aí no Brasil...

Essa flor é demais!!! Feita de 2 toneladas de metal... durante o dia ela se abre ficando com um diametro (que agora eu esqueci,,,rs) e a noite ela se fecha...

Ah.. a Plaza Inglesa, é uma réplica do Big Ben que a Inglaterra presenteou a Argentina no aniversário de seu centenário, tem um lindo jardim em volta, mas seu nome está para ser mudado, após a Guerra das Malvinas a praça será em homenagem aos mortos nessa guerra.

Esse Monumento de La Mala Suerte... a história de sua construção é hilária, primeiro o mármore carrara ficou preso no porto de Florianópolis, demorou anos pra chegar até Buenos Aires, depois o primeiro escultor que começou a obra morreu, o segundo que tentou dar continuidade a obra morreu também, o navio que trazia as estátuas de bronze afundou, mas conseguiram recuperar 4 das 7 originais, quando a obra estava "pronta" o braço da estátua caiu com um vendaval, os moradores evitam de passar pelo monumento pois acreditan na "mala suerte" dele, levou 27 anos para ser concretizado.

Este monumento a Evita foi construído enquanto ela ainda vivia, está retratada magra por causa do cancêr e dando um passo à frente, pra mostrar que sempre foi uma mulher corajosa e à frente de seu tempo.



La Plaza de Mayo y
La Casa Rosada, dois lugares históricos de B.A, o primeiro é onde ocorrem as manifestações na cidade, não durante o dia como em Sampa (Paulista), mas sempre à noite, com direito a panelaço e tudo, a propósito hoje é a noite da Passeata Gay em B.A., a Plaza de Maio é onde se reunem também as mães que perderam seus filhos durante e após a ditadura militar, segundo Darío elas foram indicadas ao Prêmio Nobel da Paz.

A Casa Rosada, sede do governo argentino, existem duas histórias sobre a "cor rosada" uma é que existiam dois partidos rivais, um era branco e outro vermelho, e com a fusão dos dois aparece a cor rosada. Outra história é
que as casas precisavam ser impermeadas, então pegava-se o sangue do boi, a gordura e cal, a mistura deles (rosa) eram pintadas todas as casas e muros da cidade.
Fui é claro no Bairro de La Boca, onde está o Estádio de La Bombonera sede do Boca Juniors, (leva esse nome por ser parecido com um bombom), lá fui cumprir a "missão" de tirar uma foto com o "manto sagrado", e claro ao lado da estátua de Diego Maradona, e em Caminito rua tracidional do bairro.

A noite como não poderia deixar de ser, fui
ao "show de tango", na primeira foto é somente da aula... na segunda é após a aula e duas taças de vinho....rs
O show é espetacular, Darío nos
contou a história do tango, que iniciou com a união de vários imigrantes, cada um com seus instrumento em particular, sanfona, viola, piano, etc...
Aquelas mulheres não dançam, voam, até parece uma da
nça ninja...rs Ah.. continuando a história do tango... no inicio quem dançava era somente as prostitutas, a alta sociedade de B.A, não aceitava, depois a dança foi para Paris, virou moda e também na alta sociedade daqui.
Atrás do homem de preto sou eu... tentando dançar..rs(ele é o professor Hugo), ganhei até diploma!
Uma parte interessante que Dario me contou e que desconhecia, a ausência de negros em B.A. primeiro muitos morreram com a febre amarela trazida pelos soldados depois da Guerra do Paraguai, os que sobreviveram foram obrigados a lutar numa guerra que os argentinos promoviam contra os índios para tomar a Patagônia, eles iam na frente sem armas então eram mortos pelos indígenas e se voltassem pelos soldados.. pronto, feito o extermínio dos negros.
Hasta mañana em que irei andar de barco pelo Rio de la Plata... Besos

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Diário de Bordo (Buenos Aires)


Essa é minha primeira viagem "internacional", a primeira de muitas espero.
Meu celular aqui nem sinal!!! O Vivo está morto! O Oi... então..

No translado aeroporto/ hotel,
tentei uma conversa em espanhol ...
com o motorista... mas ele respondia em monossílabos...rs
Ou estava me expressando mal..rs
Perguntei a ele se "El barrio de La Boca es lejos? respondió que del centro es 3 km. E só.. voltou a total mudez.

O Hotel é muito bom,
"Posta Carretas",
na Av. Esmeralda, bem no centro de Buenos Aires, minha suíte é a Ninio. Só uma coisa me decepcionou... deixei Sampa com um calor imenso... e chego em B.A. com chuva!!!

Fui andando sem rumo e encontrei a Plaza San Martí ( o liberdador da Argentina). Tem uma avenida Avenida Del Libertador que corta a cidade de norte a sul.



Fiquei com receio de entregar a máquina a alguem para tirar foto.. e ele sair correndo...rs
Hoje recebi uma nota falsa de 20 pesos em uma loja.. depois dessa, desconfio até de "la policia"..rs
A avenida Corrientes tem muitos teatros e cinemas, e está com peças ótimas.


Por la noche fué en Avenida Nueve de Julio, es a más larga del mundo!! Ops... ya estoy hablando portuñol...rs
Essa avenida tem 16 pistas... como estava de salto... básico.. nem tentei atravessar... mas tirei fotos do Obelisco que fica lindo a noite. Aqui a vida noturna é intensa, os cafés com as mesinhas nas calçadas, todos praticamente lotados, quando cansei de andar entrei num Mac Donalds (que aqui tem um a cada esquina) e tomei um Helado con trocitos de choco.. Não pensem besteira... um Sorvete com pedaços de chocolate....rs

Besos a todos! Hasta Mañana!